E foi tão corpo que foi puro espírito - Mariana Oliveira com curadoria Coletivo Hera
25 Set - 9 Nov 2020
E foi tão corpo que foi puro espírito - Mariana Oliveira com curadoria Coletivo Hera
25 Set - 9 Nov 2020
What I want is to live of that initial and primordial something that was what made some things reach the point of aspiring to be human.
― Clarice Lispector, The Passion According to G.H.
Vivemos rodeados de informação e tecnologia excessiva. A navegação constante na internet e a interação com os demais aparelhos electrónicos e digitais despojaram-nos de algum modo de corpo. À medida que a vida se vai adensando, o ser humano dispersa-se em ritmos de vida frenéticos, que muitas vezes se tornam exaustivos e difíceis de conciliar, sobretudo no que toca à relação entre corpo e mente. Segundo o antropólogo David Le Breton, “Uma humanidade sem corpo é também uma humanidade sem sensualidade, amputada do paladar do mundo (Breton, 2004)”. A ligação que temos com o corpo é essencial para compreendermos o mundo, a natureza e o ser humano, indo de encontro ao conceito do que é primordial: ter consciência, conectar, comunicar.
A exposição “E foi tão corpo que foi puro espírito”, título retirado do livro de Clarice Lispector “Perto do Coração Selvagem” (1943) apresenta um momento de auto reflexão que, embora representado sob uma perspetiva pessoal, nos pode ser familiar. A artista materializa a compreensão mais profunda dos seus pensamentos antes de todos os momentos se tornarem racionais e premeditados, fazendo uso de vários suportes para os exprimir, recorrendo à simplificação das formas, do movimento do corpo, do estudo e da exteriorização dos impulsos artísticos.
Margarida Oliveira apresenta-nos o resultado da sua reflexão sobre o debate corpo vs. mente. Estes dois elementos juntam-se aqui numa manifestação pessoal e instintiva e que se afasta da ideia de que se tem de condenar o corpo em busca da sabedoria intelectual, atingindo assim uma ideia de plenitude pessoal e de corpo não-dividido.
Coletivo Hera